sexta-feira, 2 de novembro de 2012

FOCA NA ENTREVISTA

         A Trupe Sonora Casa de Orates não é “apenas” uma banda. Entremeando suas apresentações musicais com cenários de sonho e performances teatrais, luas, máscaras e cirandas, o grupo cênico-musical se destaca em uma forma de arte onírica e lúdica, num espetáculo não só de boa música (e muito boa música) mas de elementos visuais, envolvendo o público em um espetáculo coletivo de sonhos. Surgida em 2003, na cidade catarinense de Itajaí, a trupe desde o início apresentou uma proposta inovadora, de transitar por vários gêneros artísticos, utilizando elementos musicais com variadas influências – do jazz à música brasileira, da música medieval ao rock progressivo – e elementos cênicos que remetem ao sonho, à imaginação e ao lúdico.
O grupo já abriu shows como Mutantes, Sérgio Dias, Jarrah Thompson Band, Som Nosso de Cada Dia e Casa das Máquinas. Seus espetáculos sempre lotam os teatros de Santa Catarina, onde a banda é referência, além do público fiel que sempre acompanha seus shows por festivais do sul do país.
O primeiro CD, “O Artesão dos Sonhos” teve uma temática voltada para os sonhos e personagens oníricos. Atualmente a trupe trabalha na finalização do segundo CD, “Luaria”, que tem um ideal mais semântico, com signos remetendo a bruxas e seus significados míticos.
       Marcelo Azeredo, o “vocalista-flautista-saxofonista-percussionista-baterista-e-tudo-o-mais da banda”, conversou conosco sobre a proposta do Casa de Orates e também sobre novos cenários da música independente no Brasil.

Foca no Ponto: A Trupe Sonora Casa de Orates tem um público vasto e fiel, em todo Sul do país, mesmo não fazendo um som “comercial”. Quais são as dificuldades de fazer música independente? E ainda mais no caso de vocês, que fazem um som completamente artesanal, de que forma têm vencido estas dificuldades?
Marcelo Azeredo: Bom, a principio não considero, talvez, que façamos música artesanal. A proposta Casa de Orates  afina-se com as tendências do conceito de world music buscando não se prender a localidades, regionalidades, culturas. Em nossas canções buscamos através do lúdico encontrar de alguma maneira algo que toque as pessoas, nossas conquistas ao fazer música independente credito a isso. Do ponto de vista burocrático acredito que os projetos de leis de incentivo por todo país são uma possibilidade para a música independente contemporânea, uma maneira real e possível de desconstruir-se as grandes corporações midiaticas que dominam o mercado cultural mundial. Certamente, a questão econômica é o maior entrave para se promover eventos autênticos e independentes que alcançem um grande público.
FP: O Casa de Orates busca um espetáculo musical/visual, mesclando música, teatro e outras experiências artísticas. De onde vem sua criação? O que esperam passar através de sua música?

MA: As criações representam as particularidades somadas de todos os integrantes do grupo, buscando explorar sentimentos e vivências que passam pelo viés da poesia tornar-se real. Geralmente escolhe-se uma temática central que possa permear essas diferentes individualidades, por exemplo: os sonhos, as bruxas, os meios sociais...
FP: Os músicos da banda conseguem viver de música ou cada um tem outras atividades?
MA: Todos temos outras atividades e conquistamos também algum retorno financeiro através do grupo, com a venda de cd's e apresentações.
FP: O que na sua opinião seria uma iniciativa importante, quer seja do poder público ou de empresas ligadas à cultura – gravadoras, possíveis investidores...  – para que bandas não comerciais tivessem mais espaço?
MA: A meu ver, a mídia de modo geral controla a possibilidade de abertura cultural para grupos independentes. No momento em que grandes corporações empresariais e governamentais estiverem interessadas em atingir e formar um público culturalmente mais ativo, tendo isso como um projeto educacional que envolva toda a nação, talvez possamos ter o privilégio de conviver com programações midiáticas mais críticas e autênticas, menos alienadas e obsoletas.
FP: De que forma o uso da internet, myspace, redes sociais tem mudado a realidade das bandas, possibilitando maior visibilidade a quem faz música fora do eixo de FM's? Quais possibilidades isso abre ou dificulta?
MA: A web é certamente uma ferramenta impressindível para a conquista de novos públicos. A liberdade de comunicação via internet pode ser transformadora. Contudo, trata-se de uma questão educacional a construção de um cidadão que possa filtrar e melhor escolher seus conteúdos de interesse.

Assista uma pequena mostra do trabalho do grupo, nesta canção do primeiro álbum.





Texto de Danielle da Gama e Maria Catarina Carvalho

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