sábado, 13 de outubro de 2012

CHAVEZ AMIGO, O POVO ESTÁ CONTIGO.



        Estar em um país para documentar a popularidade de um grande líder e, como num jogo de cartas, o país se transformar em uma grande mesa de jogatina, em que detentores das cartas são personagens fervorosos que travam uma violenta guerra utilizando ambos as mesmas armas: A mídia. Nesse contexto nasce a película “A Revolução Não Será Televisionada” filmada e dirigida pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briainque, que estavam na Venezuela para documentar umas das personalidade mais famosas da América Latina, Hugo Chávez e, foram surpreendidos por um grande golpe de estado. Entre as duas forças estavam os canais de televisão privados e, o novo Estado revolucionário de Hugo Chávez, que movimentavam as cartas e condicionavam o povo com discursos de legitimação e estratégias de linguagem para ora manipular a realidade, ora transformar um político polêmico em um grande mártir social.
        Quando Chávez assumiu o governo contava com amplo apoio das camadas mais pobres da sociedade, o que na Venezuela representava 80% da população. Chávez era um político carismático, não vinha de famílias tradicionais e não era branco, o que foi decisivo pra criação da imagem de herói nacional. Umas das principais medidas de Chávez quando alcançou o poder foi à redistribuição de riqueza, o que de fato aconteceu – através dos dados de 2003 nota-se um aumento da renda de classe mais baixas C, D, E(segundo o CEPAL -Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Para distribuir a riqueza gerada da extração de petróleo (principal fonte de riqueza do país) Chávez teve que romper com a “Doença Holandesa”- a riqueza mal distribuída a população- o que gerou o descontentamento das elites que abocanhava boa parte da riqueza produzida. Assim armou-se o cenário hostil entre o estado e a elite, esta com apoio dos meios de comunicação privados. Tais medidas também provocaram afrontas internacionais. Os EUA que viam na Venezuela uma fonte barata de petróleo, experimentaram medidas protecionistas duras adotadas pelo novo estado Bolivariano. O governo chavista estava acumulando diversos inimigos, dentro e fora do país, tais forças que iriam se unir para tentar futuramente tira-ló do poder.
        Os canais de televisão internacionais e principalmente os nacionais privados sempre procuravam associar a imagem do presidente Hugo Chávez à violência e ao terrorismo. Mas Chávez por outro lado não era a vítima que o documentário se ateu a mostrar, ele também usava estratégias para se defender e promover-se, ao evidenciar em uma fala um dos grandes problemas de seu governo, “Nós não comunicamos” Chávez constrói uma rede de propaganda forte para o que chamava de Revolução Bolivariana. Com o Canal 8 (emissora televisiva) e programas de rádios, Chávez conseguiu o que talvez fosse determinante para derrubar o futuro golpe de estado que viria. Ele permeava as camadas mais baixas da sociedade com uma linguagem de discurso única, simples e acolhedora, diferentes dos canais privados que eram voltados para elite. Ele aproximava-se do povo e utilizou a mídia para legitimar seu governo como um dos mais democráticos e participativos até então, em vigor na Venezuela. Isso fica evidente quando observamos, durante o documentário, multidões indo ao encontro de Chávez, pedindo favores e, enviando cartas na esperança de serem atendidas pelo “pai dos pobres”. Sua imagem estava consolidada, quem a ele se opunha, era contra a vontade do povo.
        O ponto auge do documentário surgiu quando militares aderiram a favor do golpe sendo condicionados por imagens manipuladas pelas redes privadas de televisão. Uma manifestação conflituosa envolvendo uma multidão chavista e outra contra o governo culminou na morte de diversos manifestantes. Os óbitos caem sob responsabilidade de Chávez. O clima de apreensão que se seguiu foi sobre o palácio presidencial de Miraflores. Anti-chavistas exigiam a renúncia do presidente com ameaças de bombardear o palácio. Chávez não vê outra saída a não ser se entregar. Outra manipulação é estrategicamente alçada, dizendo que o presidente tinha renunciado, ou seja, colocando oficialmente os golpistas como o governo legítimo da Venezuela, com o consenso do “ex-presidente”.        Pedro Carmona, representante da elite venezuelana assume o poder e permanece por pouco dias. Nesse intervalo, o canal chavista de TV fica misteriosamente fora de ar e impossibilitado de anunciar o seqüestro do presidente à população, que se vê cercada somente por noticias de televisões privadas exaltando o golpe. Ao espalhar boato de que Hugo Chavez teria sido seqüestrado, a população sai às ruas em apoio a Chávez. Uma multidão rodeia o palácio de Miraflores com os dizeres “Chavez amigo, o povo está contigo!” exigindo a volta de Chávez. Os golpistas saem às pressas com a adesão também dos militares que estavam no palácio a favor do presidente seqüestrado. Com a pressão popular Chavez retorna ao palácio sendo ovacionado pelo povo, e no primeiro discurso após retornar, diz: Não se permitam envenenar! Fazendo uma clara alusão às distorções da realidade que foram produzidas pelas mídias privadas.    
        O documentário é muito consistente em abordar depoimentos de pessoas envolvidas no conflito, mas não podemos deixar de retratar uma parcialidade, intrínseca aos documentários, que apesar de mostrarem a realidade apresentam algumas tendências favoráveis as certas partes, no caso, uma tendência favorável ao presidente Hugo Chávez. A Revolução Não Será Televisionada consegue captar através de conflitos reais como a mídia consegue através da perpetuação do seu discurso, criar verdades que conduzem a população a determinados posições. Apesar de ser uma produção de 2003 consegue manter um diálogo com o presente e, principalmente a função midiática contemporânea. Podemos, com o documentário, observar os mecanismo pelos quais os governos conseguem ganhar legitimação popular e também observar na linguagem, um ponto importante, pois é através dela, que conseguimos transpor o campo midiático ao campo social.Hugo Chávez consegue se reafirmar como uma grande líder na Venezuela e se manter no posto através dessas duas pilastras de sustentação: a mídia e linguagem utilizadas no discurso midiático.







Marlon Bruno Vitor de Paula*
Foto  deviantart



* Marlon  é aluno do primeiro período do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de São João Del Rei.

Referências: BARTLEY, Kim/ O’Briain Donnacha, The Revolution Will Not Be Televised. [Documentário]. Produção de Power Picture, direção de Kim Bartley e Donnacha O’Briain.. Irlanda, 2003. 1h14min. Color
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PROJETO CULTURAL SAMBA NA PRAÇA

Quinteto Para Sambar


O samba foi um fator importante na formação da identidade cultural e na organização urbana da cidade de São João Del Rei. O gênero musical, característico das áreas periféricas, ganhou reconhecimento nas ruas e passou a ser apreciado também nos teatros frequentados pela elite, sendo responsável pela aproximação destas classes que coexistiam distantes.
Com o intuito de resgatar tradições locais e homenagear grandes nomes da música popular e do samba, sambistas san-joanenses desenvolveram em conjunto com a Secretaria de Cultura e Turismo de São João Del Rei o Projeto Cultural Samba na Praça.
Uma vez por mês é montado um palanque na praça Carlos Gomes, no Largo do Carmo. O projeto promove a apresentação do grupo Quinteto para Sambar e de outros grupos convidados a cada novo evento.
A primeira edição ocorreu no dia 16 de Maio de 2012. Desde então passou a ser realizado mensalmente com grande aceitação dos habitantes locais, que comparece numerosamente as apresentações. Adultos, estudantes, crianças e jovens divertem-se e apreciam as obras de Cartola, Chico Buarque, Elis Regina, Tom Jobim, Roberta Sá e também composições inéditas de artistas da cidade e região.
O espaço é aberto e a entrada é gratuita. Os shows começam às 21 horas e se estendem até o início da madrugada, movimentando os bares e barraquinhas da redondeza. Aqueles que optarem por maior conforto podem ainda reservar, sob o custo de quinze reais, uma mesa no Bar do Carioca no Largo do Carmo.





Texto e fotos: Nayara Oliveira e Fabiano Porto.

OS BONS MALDITOS DA MPB

Sérgio Sampaio


        Tropicalismo, Rock’n roll, Bossa Nova, Jovem Guarda.. entre tantos rótulos, alguns músicos geniais da década de 70 receberam uma classificação nada agradável: foram os “malditos” da MPB, inovadores e poéticos até os ossos, que revolucionaram a linguagem e a sonoridade da música brasileira, passando longe das FMs e, muito, das gravadoras.

                    Tom Zé, Sergio Sampaio (foto), Jards Macalé, Jorge Mauter, Luiz Melodia, Walter Franco, Itamar Assumpção. Músicos que quando surgiram, nos idos de 70, foram considerados impopulares, por fazerem músicas difíceis de compreender e de rotular. Como diria Jards Macalé, na canção “Let’s Play That”, vieram para desafinar o coro dos contentes. Fazendo um som genuinamente artístico, com letras de pura poesia e sonoridade não vinculada a nenhum “partido” musical da época, alguns acabaram morrendo no total esquecimento, outros apenas na atualidade estão obtendo o devido reconhecimento. Por não terem espaço nos catálogos das gravadoras e ficando conhecidos por uma parte bem restrita do público, foram batizados de “malditos” pela imprensa.
            Na época parecia haver espaço para muitas vertentes musicais. Assim como havia a Jovem Guarda, o público mais intelectualizado ouvia bossa nova e o rock tinha espaço com Mutantes e outras bandas mais experimentais. Mas mesmo Mutantes precisou se vincular ao movimento tropicalista para finalmente aparecer, cantando ao lado de Gilberto Gil no festival de 67 a música "Domingo no Parque". O que parece unir o grupo heterogêneo dos malditos foi sua sonoridade com arranjos bem trabalhados, e suas letras muitas vezes herméticas, como o fazia - e muito - Tom Zé. Esses estranhos no ninho faziam “apenas” música, “apenas” poesia, e prezavam a autenticidade que lhes custou o sucesso, já que se recusavam a atender pedidos de gravadoras para compor músicas mais comerciais. Sua alma estava em suas músicas, e eles não tinham nenhuma intenção de vendê-la. E mesmo não vendendo milhares de discos e sendo pouco lembrados até hoje, os malditos da MPB deixaram um legado para a música brasileira, influenciando artistas que hoje os homenageiam, em projetos como "Bendito é o maldito entre as mulheres", que em 2011 apresentou shows com vozes femininas da nova MPB cantando canções de alguns "malditos".
            Hoje existe uma geração consistente de bandas independentes, fazendo música não comercial, favorecidas pelo cenário digital. Não é mais essencial que uma banda tenha uma gravadora e um selo para ser conhecida, ela pode usar o myspace ou redes sociais, para ser vista e lembrada. Esses músicos têm buscado a originalidade e novidade que tentavam trazer os “malditos” há quatro décadas, experimentando fazer arte além da grana, já que se foi o tempo em que era necessário pagar jabá e tocar na rádio para a música aparecer – e hoje quem está experimentando fazer sons diferentes e genuínos tem aparecido para um público que busca algo diferente de simples música fast food.
            Apesar de nos depararmos com uma identidade funesta para a música brasileira, ouvindo as rádios e programas de TV proliferando suas duplas sertanejas e funks de gosto sempre duvidoso, podemos ver que, como antes, basta procurar porque sempre existem bons letristas, músicos e intérpretes nos mais variados estilos dentro da MPB. Hoje, poderíamos chamar de "malditos" as centenas de bandas independentes que tocam em bares e esquinas de todo o país, com letras poéticas e incursões instrumentais inovadoras, versus a massa sertaneja/pagode/funk que toca nas rádios.
            Música boa existe e toca, sim, é preciso ouvir o que está amaldiçoado, mas nunca fadado ao desengano...e quem tiver ouvidos, que ouça.
       
              Um aperitivo...






Texto de Danielle da Gama e Maria Catarina Carvalho

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

PAPO DE CALOURO


        A alegria da aprovação no vestibular foi diluída na preocupação e certo desânimo de morar numa cidadezinha. Uma pesquisa rápida pela internet provou que lá eu não encontraria nenhuma das marcas que mais gosto. Lojas Americanas, Subway, McDonald’s, nada disso iria fazer parte do meu cotidiano. Estaria rodeada de igrejas velhas e coretos. Minha esperança era conhecer gente nova na faculdade que me ensinasse sobreviver ali.
               Mudança. Malas. A despedida da família. Mãe chorando o suficiente para envergonhar.  Aquele sussurro: “Fica calma, mãe, eu prometo não beber, não ir a festas. Estarei lá para estudar e voltar para casa com meu diploma!” Naquele dia foi fácil prometer. Naquela cidade não deveria ter nada mesmo. 
               O adeus dos pais pela janela do carro. Um nó na garganta. Hoje à noite tem aula. E na mente a vontade de aproveitar aquela promoção de três barras de chocolate por R$ 10,99 das Lojas Americanas.  Bem, o jeito era ir ao Sales comprar um chocolatinho para espantar o medo.
               Semanas depois. Eita galera bacana, os são-joanenses! Quem diria que aquela cidadezinha iria me conquistar. De bucólica aquilo ali não tinha nada. Só quem participa do circuito “Festas de República” sabe!
               Aprendi muito por lá. Entendi que o nome do bairro, apesar de ser  Matozinhos, se diz, no bom dialeto são-joanense, ” Matuzinhos” e que a Avenida Leite de Castro , é conhecida como “Leitcastro”.  Percebi que, na mesma cidade, o passado do centro histórico vive em harmonia com a modernidade de uma Universidade em expansão.
              Aquele lugar, fundado por Tomé Portes del Rei, situado entre as Serras do Lenheiro e a de São José, cujo aniversário se comemora no dia 8 de dezembro, protegido pela Nossa senhora do Pilar e terra natal de Tancredo Neves,  conserva suas características históricas, seu povo simples e hospitaleiro  e suas conquistas, como a UFSJ. Morar lá tem o barato que é viver tranquilamente na correria.
       
        Texto de Bárbara Barreto
Imagem: google

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

MOMENTO DECISIVO PARA OS ESTÁDIOS DO MUNDIAL DE 2014


        
RIO DE JANEIRO
       Sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil corre contra o tempo para finalizar as obras até 15 de julho de 2013, data da realização da Copa das Confederações, evento que vai experimentar a capacidade e o funcionamento dos estádios no Brasil para o Mundial de 2014. Depois de dezenove edições da Copa do Mundo de Futebol, é segunda vez que o Brasil será o anfitrião do evento. O torneio acontecerá entre o dia 12 de junho e 13 de julho.
                O Estádio Mané Garrincha, situado no Distrito Federal, receberá a Abertura da Copa das Confederações e sete jogos da competição mundial de 2014. Com capacidade para 70 mil torcedores, a conclusão das obras está prevista para Dezembro de 2012. O estádio finalizou 76% da construção em Setembro de 2012.
BELO HORIZONTE
          Na capital mineira, o Estádio Governador Magalhães Pinto está com suas obras em fase adiantada, com 78% já finalizadas. O popular Mineirão receberá três jogos da Copa das Confederações, seis partidas da Copa do Mundo e a capacidade será de 64 mil pessoas. A conclusão da obra está prevista para dezembro de 2012.
              Cuiabá aproveitou suas características naturais como inspiração na construção da        Arena Pantanal que teve 47% de suas obras concluídas no mês de setembro. O estádio terá capacidade para 43 mil pessoas. Quatro partidas da primeira fase da Copa de 2014 serão realizadas na Arena.
            A Arena Fonte Nova, em Salvador, será palco de três partidas na Copa das Confederações e de seis jogos do Mundial. O estádio está com 70% das obras concluídas e sua capacidade será de 50 mil pessoas. A previsão de entrega do estádio é para dezembro de 2012.
               Depois de uma longa disputa no Estado de São Paulo, o projeto apresentado pelo clube Corinthians, anfitrião da abertura da Copa de 2014 e outras cinco partidas, está com 52% do projeto finalizado. A capacidade é de 65 mil pessoas, sendo 48 mil assentos convencionais e 17 mil lugares retráteis, distribuição exigida pela FIFA para abertura.
PORTO ALEGRE
                Em Pernambuco a obra está com 58% de conclusão. A capacidade é de 46 mil. Recife receberá três partidas da Copa das Confederações e cinco da Copa de 2014. A conclusão da obra é para fevereiro de 2013.
             No estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, 38% da obra estão finalizadas. A capacidade é de 52 mil pessoas. A conclusão é para dezembro de 2013. A casa do clube gaúcho Internacional receberá quatro partidas da primeira fase e um jogo eliminatório das oitavas de final da Copa de 2014.
              Na Capital do Rio Grande do Norte, 33% das obras estão finalizadas. Com capacidade para 43 mil torcedores. A conclusão das obras está prevista para dezembro de 2013, fora do prazo pré-estabelecido.
                             Manaus garante um dos maiores atrasos dentre as cidades que sediarão o Mundial, com 45% de conclusão das obras. O estádio terá capacidade para 44 mil de torcedores. A cidade receberá quatro jogos da primeira fase da Copa de 2014. A previsão de entrega do estádio é para junho de 2013. 
           Já o projeto da cidade de Fortaleza está com a maior parte concluída, 92% do projeto concluído. O Castelão receberá três jogos da Copa das Confederações e seis partidas da Copa de 2014. O estádio terá capacidade para 67 mil pessoas.
       
CURITIBA
         Na capital paranaense, a Arena da baixada está com 45 % de conclusão das obras. O estádio terá capacidade para 42 mil pessoas e receberá quatro jogos da primeira fase da Copa. A conclusão das obras é para junho de 2013.
            Protagonista da candidatura do Mundial de 2014, o Maracanã tem 66% das obras finalizadas. Com um total de 5.500 operários, o objetivo é terminar em fevereiro de 2013. O estádio terá capacidade para 79 mil pessoas e receberá três jogos da Copa das Confederações, sete do Mundial de 2014 e  as duas finais.
              José Maria Marin, presidente do Comitê Organizador Local, destacou em nota, “
       Estamos monitorando de perto os estádios por meio de relatórios técnicos e cronogramas detalhados" considerou.            


Texto: Tiago Santos e Maria Clara Lauar
Fotos:   ME/Portal da Copa/setembro de 2012
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terça-feira, 9 de outubro de 2012

O IMPACTO DA GREVE NA ECONOMIA LOCAL

Foto extraída de wikimedia
         A greve dos professores e servidores das Universidades e Institutos Federais por todo o país teve um impacto muito grande em diversos âmbitos da sociedade. O atraso das aulas e toda a paralisação gerou um prejuízo imediado e a longo prazo para a educação. Mas, além disso, o que mais ficou prejudicado?
       Em cidades universitárias como São João del-Rei, fica claro a importância dos estudantes no desenvolvimento da cidade. Eles consomem, promovem eventos e expandem o nome da cidade onde moram para todos os cantos do país. Com a paralisação das aulas, a grande maioria foi forçada a retornar para sua cidade de origem, deixando um buraco nítido na sociedade de São João del-Rei.
          O comércio local foi muito prejudicado, já que grande parte de seu mercado consumidor foi afetado pela greve. Em entrevista feita com o empresário Eduardo Silva, proprietário do Supermercado Kitzan, localizado na Travessa Lopes Bahia, centro de São João del-Rei, foi possível perceber esse impacto no comércio local. "Houve uma queda significativa nas vendas durante o período da greve, em especial no setor de instantâneos, que é o mais procurado por estudantes" afirma Eduardo.
William Júnior, Gerente do Supermercado Monte Rey
         Em questão de números, Eduardo afirma: "No geral, a queda nas vendas foi maior que 5% e em alguns setores específicos, chegou aos 30%". Ele afirma que, apesar disso não houve perda de produtos em estoque.
         A atendente Márcia Maria S. Jardim, da lanchonete Ponto Real, disse que após o período de pouco movimento, este volta a crescer com o fim da greve.  O gerente do supermercado Monte Rey, Wiliam Júnior, também destacou que houve uma queda vertiginosa nas vendas, principalmente na mercearia e no setor de lanches. Atualmente, apesar do fim do convênio com a UFSJ, que garantia 5% de desconto a alguns estudantes, as vendas estão se normalizando.
         Fica claro que a massa estudantil é responsável por uma grande movimentação financeira dentro de uma cidade universitária de médio porte, como a de São João del-Rei. A greve, por sua vez, ajudou a provar a muitos céticos que os estudantes têm grande importância para o funcionamento da cidade.




Texto: Clara Varginha e Lucas Machado
Foto: Clara Varginha

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA REGIÃO DAS VERTENTES

                          



       Neste 7 de outubro, o processo eleitoral aconteceu em todo o país. Este foi também o período em que diversos eleitores puderam optar ou não pela mudança. As eleições aconteceram sem maiores transtornos na região dos Campos das Vertentes. Em cidades como Barbacena, Santa Cruz de Minas e São João Del Rei os eleitores decidiram todos os seus representantes, visto que não há segundo turno em cidades com menos de 200 mil habitantes.
       Em Barbacena, de acordo com a mesária, Paula Mendes, as eleições foram tranquilas. Paula lamenta apenas que “muitas pessoas não compareceram, muitas justificaram. Acredito que deveria ter tido uma participação maior da população, em algo tão importante”. Enquanto o eleitor, Renato Aparecido, afirma “Mesmo existindo leis e resoluções que proíbem certas condutas, muitos candidatos ainda persistiram em fazer campanhas proibidas para o dia do pleito, tais como a compra de voto, boca de urna e até gasto com pessoas para agitar bandeiras de propaganda, o que é proibido.” O eleitor completa “Deveríamos olhar mais para o bem da cidade do que pelos interesses pessoais. Sinto que o que definiu esse pleito foi a questão do eleitor pensar em seus interesses pessoais”.


       Segundo a presidente de seção, Eliane de Paula Rocha, que atuou em um distrito barbacenense da zona rural São Sebastião das Torres, as eleições seguiram normalmente e sem maiores conflitos.  “No início o pessoal não estava acostumado com o uso do documento com foto, aqui na zona rural não tinham esse hábito, o que causou um conflito inicial. Foi a primeira vez que eu fui presidente aqui, mas não podia permitir que a lei não fosse cumprida. Nesta seção não houve nenhum caso de boca de urna”, aformou Eliane. Para a mesária, Paola Kariny, o processo eleitoral também se sucedeu sem grandes conflitos. Em sua seção, da região central da cidade, “houve tranquilidade ao votar, sem grandes filas e organizada”.
       Em Santa Cruz de Minas, de acordo com o presidente de seção, Francisco de Assis Silva, as eleições foram tranquilas. “Apesar de muitos idosos terem tido dificuldade para votar, o nervosismo e a mudança de local das seções, foi o maior agravante, confundindo um pouco as pessoas” afirma. Segundo o estudante, Isaias Cirilo de 21 anos, a internet e principalmente o Facebook, foram ferramentas muito importantes para as eleições desse ano. “Apesar de não morar mais em Santa Cruz de Minas, pude acompanhar toda a movimentação eleitoral pela rede social. Foi uma ótima oportunidade que os candidatos tiveram para mostrar suas ideias”, disse ele.
       Enquanto a eleitora, Graziela Raquel da Silveira, 17 anos, desabafa “Meu coração está batendo muito forte, estou muito nervosa. É a minha primeira eleição, tenho a consciência de que meu voto é muito importante. Por isso analisei as propostas de todos os candidatos e escolhi uma pessoa diferente, com propostas voltadas para o social e para a melhoria e crescimento da cidade”. E completa, “As coisas não podem ficar do jeito que estão, já sofremos muito com essa falta de administração e de responsabilidade com o futuro de nossa cidade”. 

       Os candidatos ao cargo de prefeito estavam tranquilos e evitaram ficar próximos aos locais de votação. “Até agora a nossa campanha foi muito bonita, muito limpa. A expectativa é boa, é de mudança. Hoje, a orientação que passamos para nossa equipe é mais de fiscalização”, afirma a candidata, Sinara Campos.
       Em São João Del Rei, uma das únicas cidades brasileiras que possui o sistema biométrico de votação, foram esperados mais de 63 mil eleitores. A disputa pela prefeitura aconteceu entre o atual prefeito Nivaldo de Andrade do PMDB, Helvécio Reis do PT e Jordano metalúrgico do PSOL. A câmara municipal contará com os 13 vereadores eleitos nesse domingo. “A cidade está dividida e o resultado será surpreendente”, afirma Solange Souza a respeito da disputa entre os principais candidatos a prefeitura. As eleições seguiram sem tumultos ou grandes filas de espera.



Texto: Bruna de Faria, Isabela Mesquita, Paulo Carvalho e Rafaela Ramos
Fotos: Rafaela Ramos




domingo, 7 de outubro de 2012

SER JORNALISTA É...




        
Ser Jornalista é saber persuadir, seduzir. É hipnotizar informando e informar hipnotizando. É não ter medo de nada nem de ninguém. É aventurar-se no desconhecido, sem saber direito que caminho irá te levar. É desafiar o destino, zombar dos paradigmas e questionar os dogmas. É confiar desconfiando, é ter um pé sempre atrás e a pulga atrás da orelha. É abrir caminho sem pedir permissão, é desbravar mares nunca antes navegado. É nunca esmorecer diante do primeiro não. Nem do segundo, nem do terceiro... nem de nenhum. É saber a hora certa de abrir a boca, e também a hora de ficar calado. É ter o dom da palavra e o dom do silêncio. É procurar onde ninguém pensou, é pensar no que ninguém procurou. É transformar uma  simples caneta em uma arma letal. Ser jornalista não é desconhecer o perigo; é fazer dele um componente a mais para alcançar o objetivo. É estar no Quarto Poder, sabendo que ele pode ser mais importante do que todos os outros três juntos.
         Ser jornalista é enfrentar reis, papas, presidentes, líderes, guerrilheiros, terroristas, e até outros jornalistas. É não baixar a cabeça para cara feia, dedo em riste, ameaça de morte. Aliás, ignorar o perigo de morte é a primeira coisa que um jornalista tem que fazer. É um risco iminente, que pode surgir em infinitas situações. É o despertar do ódio e da compaixão. É incendiar uma sociedade inteira, um planeta inteiro. Jornalismo é profissão perigo. É coisa de doido, de maluco beleza. É olhar para a linha tênue entre o bom senso e a loucura e ultrapassar os limites sorrindo, sem pestanejar. É saber que entre um furo e outro de reportagem haverá muitas coisas no caminho. Quanto mais chato melhor o jornalista.
         Ser jornalista é ser meio metido a besta mesmo. É ignorar solenemente todo e qualquer escrúpulo. É desnudar-se de pudores. Ética? Sempre, desde que não atrapalhe. A única coisa realmente importante é manter a dignidade. É ser petulante, é ser agressivo. É  fazer das tripas coração pra conseguir uma mísera declaraçãozinha. É apurar, pesquisar, confrontar, cruzar dados. É perseguir as respostas implacavelmente. É lidar com pressão, pressão de todos os lados. É saber que o inimigo de hoje pode ser o aliado de amanhã. E a recíproca é verdadeira. É deixar sentimentos de lado, botar o cérebro na frente do coração. É ser frio, calculista e de preferência kamikaze. É matar um leão por dia, e ainda sair ileso. É ter o sexto sentido mais apurado do que os outros, e saber que é ele quem vai te tirar das enrascadas. Ou te colocar nelas.
         Ser jornalista é ser meio ator, meio médico, meio advogado, meio atleta, meio tudo. É até meio jornaleiro, às vezes. Mas, acima de tudo, é orgulhar-se da profissão e saber que, de uma forma ou de outra, todo mundo também gostaria de ser um pouquinho jornalista. Parabéns a nós!



Texto de Sandro Miranda, que se classifica como um daqueles jovens estudantes de Jornalismo meio metidos a besta que acham que podem mudar o mundo com suas ideologias.
 Extraído de gostodeler.com.br