O novo professor do curso de Comunicação
Social da UFSJ, Ivan Vasconcelos Figueiredo, nos recebeu em sua sala para falar
um pouco mais sobre seu trabalho e suas expectativas sobre a universidade. Com
apenas 29 anos, possui um vasto currículo com Graduação
em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa, Mestrado
em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela Universidade
Federal de São João Del-Rei e Doutorado (em andamento) em Estudos na Universidade
Federal de Minas Gerais, além de diversos trabalhos e artigos publicados.
Foca no Ponto: Porque escolheu o curso de Comunicação Social?
Ivan: Porque ele é um
curso que permite a você ser o mediador de um campo social o que é fundamental
para a constituição do senso de cidadania da população.
FP: Qual a sua área de interesse dentro da Comunicação?
Ivan: Minha área de
interesse dentro da comunicação é a Assessoria de Comunicação, Análise de
Discurso e Estudos Culturais. Essas três áreas permitem o que eu considero dar
voz ás minorias, o que as grandes mídias não fazem. E esse seria um viés pela
área de Assessoria de Comunicação que eu vou conseguir pautar os veículos
naquelas áreas que não seriam de interesse no cotidiano.
FP: Você tem algum profissional da comunicação no qual você
se espelha ou tem admiração?
Ivan: Na Comunicação não,
eu me espelho em um sociólogo jamaicano que se chama Stuart Hall.
FP: Porque você se espelha nele?
Ivan: Porque ele trabalha
justamente essa questão do hibridismo das culturas.
FP: O que fez você optar por trabalhar na UFSJ?
Ivan: Eu escolhi trabalhar
na UFSJ porque ela é uma universidade nova e tem um grande fôlego, e que eu
considero cabeça aberta pra novos projetos como o meu.
FP: Que seria?
Ivan: Instituir uma
Assessoria de Comunicação voltada para as minorias.
FP: Quais são suas expectativas na Universidade?
Ivan: Minhas expectativas
estão em consolidar a área de Ensino e Extensão, mas, além disso, conseguir
formar jornalistas como você em cidadãos críticos conscientes que são mais do
que meros produtores de notícia e sim mediadores de debates sociais. Vocês são
a ponte entre o saber e a comunidade.
FP: Pesquisando um pouco sobre seus trabalhos, percebemos
uma grande preocupação em quebrar as barreiras da comunicação para surdos. Por que
escolheu escrever sobre esse tema (Jornalismo para Surdos)?
Ivan: Isso começou na
minha Monografia. Em Viçosa eu fiz um documentário junto com uma amiga minha,
que fala sobre o cotidiano dos surdos na cidade, e nesse documentário eles
narravam as dificuldades do dia-a-dia, os problemas com a barreira da língua,
de conseguir informações e nesses problemas narrados tinha a questão dos
telejornais. São pessoas que estão dentro da mesma sociedade que a nossa, mas
que pela barreira da língua não têm possibilidade de se constituir inteiramente
como cidadão já que uma das bases para isso é a informação. Se a informação no
Brasil é passada só em Português e não também em Libras, significa que nós
temos um atraso nesse sentido de inclusão. Durante o mestrado eu fiz uma
pesquisa de recepção com telespectadores de surdos do único telejornal de Minas
que traduz as notícias para Libras e um dos resultados foi que o telejornal não
atende a essa comunidade, porque a Libras tem cerca de 10 anos de
regulamentação, e os adultos não foram educados nessa área. A Libra não é
ensinada na escola, então eles não conhecem os sinais, as notícias não traduzem
o dia-a-dia deles, e não conseguem explicar o que eles precisam porque a
dinâmica do telejornal não é feita pensada para a comunicação espaço-visual e
sim para a comunicação, oral-auditiva. Com isso a sequência de três ou quatro
segundos de um código de imagem não é suficiente pra um olhar que precisa ser
contextualizado.
FP: Qual sua opinião sobre a mídia no Brasil e o papel que
ela desempenha?
Ivan: A mídia no Brasil
está sujeita a jogos de interesse de poder como qualquer mídia no mundo. Mas o
Brasil ainda tem um avanço porque em 2007 constituiu o jornalismo público
através da Empresa Brasil de Comunicação, então dos fatores que influenciam o
tratamento da informação a gente tira a necessidade do mercado, e esse que é o
maior influenciador hoje na mídia brasileira.
Texto de Aline Prado, Douglas Vidal e Sarah Reis
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