quinta-feira, 11 de outubro de 2012

PAPO DE CALOURO


        A alegria da aprovação no vestibular foi diluída na preocupação e certo desânimo de morar numa cidadezinha. Uma pesquisa rápida pela internet provou que lá eu não encontraria nenhuma das marcas que mais gosto. Lojas Americanas, Subway, McDonald’s, nada disso iria fazer parte do meu cotidiano. Estaria rodeada de igrejas velhas e coretos. Minha esperança era conhecer gente nova na faculdade que me ensinasse sobreviver ali.
               Mudança. Malas. A despedida da família. Mãe chorando o suficiente para envergonhar.  Aquele sussurro: “Fica calma, mãe, eu prometo não beber, não ir a festas. Estarei lá para estudar e voltar para casa com meu diploma!” Naquele dia foi fácil prometer. Naquela cidade não deveria ter nada mesmo. 
               O adeus dos pais pela janela do carro. Um nó na garganta. Hoje à noite tem aula. E na mente a vontade de aproveitar aquela promoção de três barras de chocolate por R$ 10,99 das Lojas Americanas.  Bem, o jeito era ir ao Sales comprar um chocolatinho para espantar o medo.
               Semanas depois. Eita galera bacana, os são-joanenses! Quem diria que aquela cidadezinha iria me conquistar. De bucólica aquilo ali não tinha nada. Só quem participa do circuito “Festas de República” sabe!
               Aprendi muito por lá. Entendi que o nome do bairro, apesar de ser  Matozinhos, se diz, no bom dialeto são-joanense, ” Matuzinhos” e que a Avenida Leite de Castro , é conhecida como “Leitcastro”.  Percebi que, na mesma cidade, o passado do centro histórico vive em harmonia com a modernidade de uma Universidade em expansão.
              Aquele lugar, fundado por Tomé Portes del Rei, situado entre as Serras do Lenheiro e a de São José, cujo aniversário se comemora no dia 8 de dezembro, protegido pela Nossa senhora do Pilar e terra natal de Tancredo Neves,  conserva suas características históricas, seu povo simples e hospitaleiro  e suas conquistas, como a UFSJ. Morar lá tem o barato que é viver tranquilamente na correria.
       
        Texto de Bárbara Barreto
Imagem: google

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