sábado, 20 de outubro de 2012

RESENHA DA SEMANA





        Estando na Venezuela desde 2001 para fazerem um documentário sobre a administração popular de Hugo Chávez, os cineastas Kim Bartley e Donnacha O’ Briain se depararam em 2002 com um golpe de estado realizado pela direita que desencadeou no sequestro do presidente. Puderam então registrar todos os detalhes desse golpe e também a reação dos chavistas. A mídia local foi o estopim para o golpe, divulgando mentiras utilizando uma linguagem simples e linear. Esses registros deram vida ao documentário “A revolução não será televisionada”.
Eleito em 1998 por mais de 80% da população venezuelana, Hugo Rafael Chávez Frías estava cumprindo a promessa de dividir a riqueza oriunda do petróleo e de libertar a Venezuela das políticas liberais impostas por Washington e isso causou grande revolta na oposição que temia perder suas regalias. Com o apoio dos EUA, que seriam prejudicados com a Constituição revolucionária bolivariana de 1999 e que sofriam com os ataques vindos do presidente, Pedro Carmona e Carlos Ortega lideraram a oposição utilizando os meios de comunicação, principalmente os canais de TV privados para manipularem a opinião pública e a colocarem contra o atual governo. 
A mídia divulgou fatos mentirosos contra o presidente. Editou as imagens do confronto ocorrido em frente ao palácio Miraflores no dia 11 de abril de 2002 para que Chávez se tornasse culpado pelos assassinatos ocorridos e com isso pudesse justificar o golpe que já planejavam dar. Noticiou
também, a possível insanidade mental do presidente, sua renúncia, quando na verdade ele havia sido sequestrado.  Além de elogiarem o governo de Carmona, fazendo com que a população pensasse que existia democracia, paz e um controle sobre as reivindicações vindas dos chavistas, o que era mentira.
Mesmo com a sabotagem do canal 8 da TV estatal, onde o governo se comunicava com a população e também com a proibição dos jornalistas de entrevistarem qualquer pessoa favorável ao governo Chávez, a população através de um canal de TV privado internacional, conseguiu noticiar o sequestro do presidente causando indignação e união entre as pessoas. Tanto que em uma manifestação e com a ajuda de militares que apoiavam Chávez conseguiram retomar o poder. “Não te queremos Carmona! Ladrão!”, “Queremos a Chávez!”, “Chávez amigo, o povo está contigo!”.
É importante ressaltar que a popularidade de Hugo Chávez se dava pelo fato de que ele não era branco e nem vinha da classe política tradicional. O carisma e a atenção voltada à população carente utilizando de uma linguagem simples faziam com que ele fosse respeitado, amado e idolatrado pela maioria da população bolivariana. Também se torna importante salientar que o documentário utilizou uma linguagem simples, mas é fato que pode existir, assim como existiu na mídia, um interesse. Toda a narrativa, a escolha das imagens e os depoimentos são tendenciosos a nos levarem a acreditar na inocência de Hugo Chávez e a perseguição que sofreu injustamente. Portanto não há como saber a verdade sobre esse fato.
        Fica evidente que a mídia possui um enorme poder de influência sobre a opinião pública. Nesse caso, segundo o que o documentário nos mostra, utilizou da manipulação dos fatos para construírem uma realidade que a favorecesse e assim conseguir o poder. Esse fato fez com que o governo de Chávez percebesse que não havia se preocupado com as comunicações e por isso após a retomada do poder Chávez criou mais emissoras estatais. Segundo ele “a falta de uma comunicação eficiente, representada por uma boa divulgação das conquistas e dos planos de execução do governo, era considerada uma falha na revolução”.





Texto de Edilene Ribeiro*
Foto deviantart 



*Edilene é aluna do primeiro período do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de São João De Rei.


Referências: BARTLEY, Kim/ O’Briain Donnacha, The Revolution Will Not Be Televised. [Documentário]. Produção de Power Picture, direção de Kim Bartley e Donnacha O’Briain.. Irlanda, 2003. 1h14min. Color

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