O grupo já abriu
shows como Mutantes, Sérgio Dias, Jarrah Thompson Band, Som Nosso de Cada Dia e
Casa das Máquinas. Seus espetáculos sempre lotam os teatros de Santa Catarina,
onde a banda é referência, além do público fiel que sempre acompanha seus shows
por festivais do sul do país.
O primeiro CD, “O
Artesão dos Sonhos” teve uma temática voltada para os sonhos e personagens
oníricos. Atualmente a trupe trabalha na finalização do segundo CD, “Luaria”,
que tem um ideal mais semântico, com signos remetendo a bruxas e seus
significados míticos.
Marcelo
Azeredo, o
“vocalista-flautista-saxofonista-percussionista-baterista-e-tudo-o-mais da
banda”, conversou conosco sobre a proposta do Casa de Orates e também sobre
novos cenários da música independente no Brasil.
Foca no Ponto: A Trupe Sonora Casa
de Orates tem um público vasto e fiel, em todo Sul do país, mesmo não fazendo
um som “comercial”. Quais são as dificuldades de fazer música independente? E
ainda mais no caso de vocês, que fazem um som completamente artesanal, de que
forma têm vencido estas dificuldades?
Marcelo Azeredo: Bom, a principio não
considero, talvez, que façamos música artesanal. A proposta Casa de Orates afina-se com as tendências do conceito de
world music buscando não se prender a localidades, regionalidades, culturas. Em
nossas canções buscamos através do lúdico encontrar de alguma maneira algo que
toque as pessoas, nossas conquistas ao fazer música independente credito a
isso. Do ponto de vista burocrático acredito que os projetos de leis de
incentivo por todo país são uma possibilidade para a música independente
contemporânea, uma maneira real e possível de desconstruir-se as grandes
corporações midiaticas que dominam o mercado cultural mundial. Certamente, a
questão econômica é o maior entrave para se promover eventos autênticos e
independentes que alcançem um grande público.
FP: O Casa de Orates
busca um espetáculo musical/visual, mesclando música, teatro e outras
experiências artísticas. De onde vem sua criação? O que esperam passar através
de sua música?
MA: As criações representam as particularidades somadas de
todos os integrantes do grupo, buscando explorar sentimentos e vivências que passam
pelo viés da poesia tornar-se real. Geralmente escolhe-se uma temática central
que possa permear essas diferentes individualidades, por exemplo: os sonhos, as
bruxas, os meios sociais...
FP: Os músicos da banda
conseguem viver de música ou cada um tem outras atividades?
MA: Todos temos outras atividades e conquistamos também
algum retorno financeiro através do grupo, com a venda de cd's e apresentações.
FP: O que na sua
opinião seria uma iniciativa importante, quer seja do poder público ou de
empresas ligadas à cultura – gravadoras, possíveis investidores... – para que bandas não comerciais tivessem
mais espaço?
MA: A meu ver, a mídia de modo geral controla a
possibilidade de abertura cultural para grupos independentes. No momento em que
grandes corporações empresariais e governamentais estiverem interessadas em
atingir e formar um público culturalmente mais ativo, tendo isso como um
projeto educacional que envolva toda a nação, talvez possamos ter o privilégio
de conviver com programações midiáticas mais críticas e autênticas, menos alienadas
e obsoletas.
FP: De que forma o uso
da internet, myspace, redes sociais tem mudado a realidade das bandas,
possibilitando maior visibilidade a quem faz música fora do eixo de FM's? Quais
possibilidades isso abre ou dificulta?
MA: A web é certamente uma ferramenta impressindível para a
conquista de novos públicos. A liberdade de comunicação via internet pode ser
transformadora. Contudo, trata-se de uma questão educacional a construção de um
cidadão que possa filtrar e melhor escolher seus conteúdos de interesse.
Assista uma pequena mostra do trabalho do grupo, nesta canção do primeiro álbum.
Texto de Danielle da Gama e Maria Catarina Carvalho
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário