sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"SINO É MÚSICA"




                     Há um toque específico dos sinos para cada acontecimento na "Cidade onde os sinos falam", ou  São João del-Rei. A cidade é conhecida assim por seus sinos serem ouvidos durante o dia e a noite, com uma ampla variedade de toques. Os toques mais conhecidos são o Dobre Simples, o Dobre Duplo e o Repique. O sino pequeno comanda o ritmo da música enquanto o grande e o médio acompanham. Antigamente, os sinos eram o meio de comunicação e transmissão de notícias existente na cidade. 
              Nilson José tem 37 anos e há 20 é sineiro da Igreja São Francisco. Ele conta com entusiasmo sobre sua profissão, as lendas, a relação do sino com a música (samba e toques da capoeira). "Sino é música", afirma o sineiro. Nilson teve participação no documentário "Entoados", que foi produzido nos municípios mineiros de Catas Altas, Diamantina, Ouro Preto, São João del-Rei, Tiradentes e Mariana. 
Nilson José
              Os sinos antes de irem para a torre para exercer sua função, são batizados e recebem nome, geralmente de acordo com a igreja e com o santo. Reza a lenda de que, em 1915, um sino chamado Jerônimo foi preso por matar o sineiro João Pilão. Segundo Nilson, João Pilão era alcoólatra e em uma procissão se trancou na torre para tocar o Jerônimo. Quando o sino parou antes da hora, as pessoas ficaram preocupadas e ao invadir a torre, viram João Pilão ao chão, morto. 
             Dizem que o sino ficou preso na antiga cadeia, mas o que acontece realmente quando uma pessoa é morta por um sino é outra coisa. Seu badalo é retirado e o sino recebe o "castigo" de não tocar por alguns anos. Ele também é coberto por uma lona preta e acorrentado. Depois da punição o sino pode voltar a ser tocado ou é derretido e aproveita-se o material, exatamente como aconteceu com o Jerônimo.




Texto e fotos de Cecília Santos e Tadeu Canavez

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